domingo, 5 de julho de 2009

CORRIDAS

CORRIDAS

Não descuide do reforço muscular

  • Os tênis são profissionais, o uniforme também, a intensidade e a distância do percurso se aproximam dos números feitos por maratonistas, mas a preparação física é de amadores. Levando em consideração todos esses fatores, a fisioterapeuta Maria Luisa Villanueva Antúnez admite que não há mais como tratar com diferenciação corredores profissionais e amadores.

    – Eles precisam administrar o tempo entre os treinos de corrida e a preparação física feita nas academias. Como muitas vezes o tempo é curto, alguns preferem se dedicar mais às atividades de rua e ficam desleixados no reforço muscular, o que acaba provocando lesões – explica.

    A fisioterapeuta está acostumada a tratar as três categorias de atletas. Há os profissionais que vivem do esporte, os amadores, que treinam com frequencia semanal e participam de algumas competições, e os atletas recreacionais, aqueles que jogam futebol uma vez por semana, por exemplo. Para os amadores, a fisioterapeuta acredita que o ideal seria realizar sessões de fisioterapia preventiva com periodicidade, para evitar lesões.

    No caso de dores constantes, é importante diferenciá-las.

    – Existe a dor adaptativa, que faz parte do treino de quem está começando, mas também há aquela indicativa de que algo está errado e causa a incapacidade de um movimento. A solução não é parar, mas descobrir as causas – diz Maria Luisa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Perigo na estrada

Mais de 70% dos caminhoneiros estão acima do peso e são mais
suscetíveis a uma série de problemas de saúde, como pressão alta e
diabetes. Para alertar sobre o problema, foi realizada ontem, mais uma
edição do "Comando de Saúde nas Rodovias", que acontece quatro vezes
ao ano, em todo o país. No Piauí, o comando aconteceu no posto da
Polícia Rodoviária Federal da BR-343. Só no início da manhã, mais de
50 caminhoneiros já haviam passado pelo local. "O atendimento dura
cerca de 40 minutos e o caminhoneiro passa por seis estações. Nossa
meta é atender mais de 70 pessoas", destacou o inspetor Fernandes, da
PRF.

Na primeira estação é feito o cadastro e a coleta de dados. Nas duas
estações seguintes acontecem os exames de antro-pometria, que mede,
dentre outras coisas, a gordura corporal, o peso e a altura. Os
caminhoneiros ainda passam pela estação de medicina do tráfego, onde
são submetidos a exames de audição e visão. Depois dessa etapa os
participantes fazem exames de colesterol, diabetes e triglicerídeos.
"Eles ainda recebem materiais educativos e, ao final, são atendidos
pela equipe médica", disse o inspetor.

O médico da PRF, Marcos Basílio, era quem checava os resultados dos
exames e dava as orientações necessárias. Segundo ele, somente 10% dos
caminhoneiros possuem saúde plena, o restante está acima do peso. "Se
o governo subsidiasse restaurantes e estimulassem a alimentação
saudável, a situação não seria tão grave", afirmou o médico. Ele
acredita que os demais problemas desencadeados pelo sobrepeso seriam
solucionados a partir desta medida.

De acordo com dados do comando, realizado no ano passado, no Piauí,
87,44% apresentaram índices elevados de gordura corporal, enquanto
34,58% têm pressão alta e 23,65% apresentam alterações na visão.
"Cerca de 80 mil pessoas já foram atendidas pelo Comando em todo o
país. Se eles fossem pagar por todos os exames realizados não daria
menos de R$ 1 mil", completou.

O caminhoneiro José Raimundo dos Santos, de 53 anos, passou pela
bateria de exames oferecida pelo Comando. Ele é natural de Salvador,
na Bahia, e diz que não se surpreendeu com os resultados dos exames.
"A taxa de triglicerídeos está alta, mas eu já sabia da situação e
estou tentando fazer uma dieta", diz.

O Comando de Saúde nas Rodovias tem a parceria de vários órgãos, como
Detran, Sest/Senat, Secretarias de Saúde do Estado e do Município.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Seu corpo pede um tempo

Seu corpo pede um tempo

Uma rotina cheia de compromissos não pode deixar de incluir hábitos saudáveis e atividades prazerosas

  • Não são apenas os grandes problemas que provocam estresse. Detalhes muito pequenos, que pipocam ao longo do dia, vão derrubando o nível de paciência e calma de qualquer profissional. Que o diga a arquiteta Myrian Cirne Lima, que todos os dias enfrenta uma série de imprevistos em seus projetos. É o cano que estourou, o colocador de piso que ficou doente ou o atraso na entrega de algum material. Para lidar com isso tudo, duas receitas básicas: praticar ginástica diariamente e sempre contar até 10.

    – Não dá para resolver todas as coisas no calor do momento. Quando os problemas se acumulam, a gente se sente, muitas vezes, em uma situação desesperadora. Nessa hora, não tem outro jeito, tem de ter calma e respirar fundo antes de qualquer movimento – conta.

    Além de se prevenir contra os contratempos que atravessam seu próprio caminho, Myrian também cria ambientes antiestresse nas casas dos clientes. Confortáveis, permitem aliviar a tensão e fogem das características duras do ambiente profissional. Uma dica para chegar a esse resultado é acertar a iluminação. Como a luz branca chama a pessoa ao trabalho, a opção, então, é adotar luzes mornas, mais amareladas, que deixam o morador descansado. Móveis ou quadros de família também contribuem para um espaço acolhedor, que afasta da pressão do trabalho.

    – Também é recomendado fazer uso de plantas, tanto nos ambientes residenciais quanto nos comerciais, dando uma cara mais natural ao ambiente. Outra dica pode ser instalar internet sem fio na casa. Assim, pode-se trabalhar em locais bem descontraídos, como o jardim ou mesmo a cozinha – sugere.

    Atitudes como essa ajudam a lidar com o estresse com mais eficiência, mas é recomendável que sejam acompanhadas de outras medidas. Uma delas é reduzir a quantidade de compromissos assumidos. Com a agenda cheia, a luta contra o relógio é constante, e o tempo para a recuperação física e mental é sempre comprimido, aumentando os riscos de problemas graves.

    – Hoje, há muitas prioridades na vida das pessoas, que acabam se vendo em situações estressantes frequentemente. O importante é, mesmo com a correria, manter hábitos saudáveis – explica Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR.

    Nessa lista, incluem-se bons hábitos na rotina diária, como atividades físicas e relaxantes regulares, alimentação balanceada, noites de sono restauradoras, relacionamentos estáveis e bons laços familiares, e também momentos de lazer, com viagens, passeios e encontros com os amigos.

    O próprio organismo tem um sistema de reação ao problema. Quando você se vê em uma situação de risco, seja um pensamento negativo ou um veículo que corta a sua frente no trânsito, o organismo, por meio de um sistema de resposta ao estresse que inclui várias substâncias, faz o corpo reagir. Esse sistema nos dá a ideia de que devemos lutar ou fugir diante de alguma ameaça. O problema é que sob estresse constante o organismo fica permanentemente em alerta, o que leva a consequências graves, como o desenvolvimento de ansiedade e depressão, além de decorrências como hipertensão arterial, entre outras.

    Então, fica a pergunta: o sistema de resposta ao estresse é bom ou ruim para nós? É benéfico, desde que o estresse seja passageiro.

    – Sem ele, deixaríamos de responder a situações de ameaça, o que seria de grande risco para nossa sobrevivência. A resposta de luta ou fuga é imprescindível para que possamos identificar situações de real ameaça e respondermos a elas. O risco está em que esta resposta se torne permanente – explica a psiquiatra Betina Mariante Cardoso, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

    Ao sofrer com estresse constante, o organismo fica sempre em alerta, estado que pode levar a graves consequências

quinta-feira, 25 de junho de 2009

CINCO MITOS SOBRE A HIV EAIDS

A Aids, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (do inglês Acquired Immune Deficiency Syndrome, conhecida como SIDA em Portugal), é uma doença do sistema imunológico causada pelo vírus HIV. Mesmo com todas as evidências que provam a relação entre o vírus e a síndrome, ainda existe um grande grupo de pessoas que negam isso. Confira a seguir esse e outros quatro mitos comuns sobre a Aids:

MITO: A AIDS NÃO É CAUSADA PELO VÍRUS HIV

Este é um dos maiores mitos. Em 1983, pesquisadores isolaram o vírus HIV em pessoas que tinham Aids. Em 1985, foi desenvolvido um teste que mostrava que a maior parte das pessoas com Aids apresentavam anticorpos para o HIV no sangue. O teste também mostrava que as pessoas que têm o vírus HIV e parecem saudáveis a princípio acabam desenvolvendo Aids, na maior parte das vezes.

As pessoas que negam a relação entre a doença e o vírus afirmam que o HIV nunca chegou a ser identificado com os postulados de Koch, desenvolvidos no século XIX pelo cientista alemão Robert Koch. Na época, os postulados se aplicavam apenas a bactérias, e vírus não tinham sido descobertos ainda, então é controversa a aplicação dos princípios para a Aids. Mesmo assim, os postulados se aplicam à Aids, se não forem levados tão rigorosamente:

Postulado 1: O agente deve ser encontrado em todas as pessoas que apresentem a doença. Em 1993, uma pesquisa feita em Atlanta, nos Estados Unidos, mostrou que em 230,179 casos de pessoas com doenças parecidas com a Aids, apenas 47 não tinham o vírus HIV.

Postulado 2: O agente deve ser isolado de alguém doente e então cultivado em uma cultura em laboratório. O HIV já foi isolado, seguindo as mais rigorosas regras da virologia moderna, mas mesmo assim um pequeno grupo de cientistas australianos, chamados de Grupo Perth, afirmam que não existem provas que o HIV existe.

Postulado 3: O agente deve causar a doença quando entrar em contato com uma pessoa saudável. Não há pesquisas feitas com isso, pois ninguém deliberadamente tentará se infectar com o vírus, mas em três acidentes separados nos Estados Unidos trabalhadores de laboratórios que entraram em contato com o vírus purificado desenvolveram Aids.

MITO: DROGAS ANTI-RETROVIRAIS SÃO “VENENOS”

A terapia anti-retroviral, usada para o controle da Aids, causa efeitos colaterais em muitas pessoas. Os efeitos vão desde a náusea a sonhos estranhos, e até mesmo danos nos nervos. Para as pessoas que usam as mais novas formas do remédio, os efeitos colaterais são diminuídos. Independente disso, testes experimentais mostram que os benefícios da terapia são muito maiores que os riscos. Por exemplo, um estudo com 1255 pacientes, feito durante dois anos, mostrou que a mortalidade do grupo caiu de 29% por ano para 9% ao ano.

MITO: EXAMES DE HIV SÃO IMPERFEITOS

Os dois testes mais comuns para a descoberta do HIV no sangue são o ELISA e western blot. O primeiro pode causar um falso positivo ao reagir com anticorpos da gripe, se a pessoa tomou vacina contra a gripe antes de fazer o teste, por exemplo. Desde que foi aperfeiçoado nos anos 90, o teste parou de causar esse tipo de problema. Ainda assim, a pessoa só pode ser considerada como portadora do vírus HIV depois de fazer o teste ELISA, que é mais caro, mas também mais eficaz. Menos de um em cada mil testes tem resultados falsos – e é sempre recomendável fazer outro teste, para confirmar o resultado.

MITO: A AIDS É CAUSADA PELA POBREZA OU PELA DESNUTRIÇÃO

Este engano é muitas vezes usado como desculpa à grande concentração da doença na África. Uma pesquisa feita em Uganda, país do nordeste da África, mostrou que, das 20 mil pessoas estudadas, a maior parte das que morreram devido à Aids tinham maior escolaridade e pertenciam à classe média, como empregados do governo. Na África do Sul, a quantidade de mortes por Aids aumentaram 57% entre 1997 e 2002, mesmo com o aumento da renda e a diminuição da pobreza no país.

MITO: PORQUE NÃO HÁ UMA EPIDEMIA NO OCIDENTE?

No início da década de 80, foram feitas previsões que logo o HIV sairia dos grupos de risco, comohomens gays e usuários de drogas, para atingir a população em geral. Na África subsaariana, o HIV é muito comum entre heterossexuais, atingindo até 18% dos homens. Mesmo assim, em muitos países africanos e no ocidente, a Aids continua confinada em certos grupos.

Por que isso acontece ainda é um mistério. Uma teoria diz que o tipo do vírus mais comum na África é mais facilmente transmitido pelo sexo vaginal, enquanto o tipo comum nos outros lugares é transmitido pelo sexo anal. Outra explicação afirma que em países africanos é comum que as pessoas tenham dois ou mais parceiros sexuais de longa data, fazendo com que a transmissão do vírus seja mais provável. Em relacionamentos heterossexuais no ocidente, as pessoas infectadas geralmente são monógamas, ficando muitos meses ou até anos com o mesmo parceiro, diminuindo assim a chance de infecção para outras pessoas. [New Scientist]

MITO BÔNUS: A CURA DA AIDS, OU VACINA, JÁ FOI ENCONTRADA

Há pouquíssimos casos comprovados, como este, em que não é possível mais detectar o vírus no sangue de pessoas previamente contaminadas. Geralmente estes casos são atribuídos a falsos positivos nos exames de HIV.

Mas o mito real é de que a indústria para a manutenção da Aids é tão valiosa para as companhias farmacêuticas que, apesar de já haverem descoberto a cura/vacina, ainda não a divulgaram para permanecerem lucrando. Apesar de soar plausível, além de particularmente perversa, esta idéia não faz real sentido econômico.

Qualquer companhia farmacêutica que descobrir uma vacina ou cura real para a Aids não hesitará em colocá-la no mercado o mais rápido possível por causa da chance de lucro pelo monopólio temporário. Todo novo medicamento é patenteado e sua fórmula é de uso exclusivo do fabricante por alguns anos. Neste período não há competição com outras marcas que poderiam oferecer os mesmos resultados. É por esta causa que quando foi a lançada a vacina contra o vírus HPV, que causa um mortal câncer uterino, ela custava mais de R$ 900 no Brasil. Quando começaram a surgir outras opções de vacinas o preço caiu vertiginosamente, mas foi uma mina de ouro exclusiva durante um bom período e continua sendo, mesmo com a concorrência atual. [New Scientist]

VINAGRE COMBATE GORDURA DO CORPO

Normalmente o vinagre é usado para o tempero de saladas, mas um novo estudo sugere que ele também deve ser aceito como um produto que ajuda na saúde – propriedade já muito difundida na medicina popular. Cientistas japoneses descobriram que o uso de vinagre é eficaz para evitar o acúmulo de gordura corporal e o ganho de peso em um estudo realizado com ratos.

Tomoo Kondo e sua equipe notaram que o vinagre é usado pela medicina popular há muito tempo. Ele é usado para várias doenças, e pesquisas científicas modernas sugerem que ácido acético, o principal componente do vinagre, pode ajudar a controlar a pressão sanguínea, níveis de açúcar no sangue e o acúmulo de gordura. Para verificar os efeitos do vinagre, dois grupos de ratos de laboratório receberam uma mesma dieta rica em gorduras, e um grupo recebeu o ácido acético, e o outro não. O grupo que consumiu o vinagre teve um desenvolvimento 10% menor de gordura corporal que o outro grupo.

A descoberta aparece em uma época que conselhos sobre a alimentação e dietas são constantes, mas pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que as dietas da população do país estão piorando. A procura por recomendações sobre um estilo de vida saudável por pessoas de meia idade e da terceira idade diminuiu, em comparação a duas décadas atrás.

A nova pesquisa ajuda a confirmar a ideia que o ácido acético combate a gordura do corpo ao ativar genes que geram as proteínas envolvidas na quebra da gordura, assim suprimindo o acúmulo de gordura no corpo. Pesquisas ainda têm que ser feitas em humanos para verificar se os resultados e efeitos são semelhantes aos dos ratos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

DOR DE AMADOR

Dor de amador

Sete em cada 10 corredores brasileiros já tiveram problemas decorrentes do esporte

  • Entre os esportes em evidência e de fácil acesso ao público, certamente a corrida é um dos que mais tem angariado adeptos pelo país nos últimos anos. Atualmente, estima-se que existam cerca de 4 milhões de corredores amadores no Brasil. Mas a preocupação desses atletas em se certificar de que estão realizando os exercícios corretamente não cresce na mesma proporção em que a prática vem ganhando visibilidade.

    Um grande indicador desse comportamento é uma pesquisa divulgada recentemente retratando o perfil do corredor amador. O Questionário de Avaliação de Corredores – Brasil (Quac-BR) mostra que, de cada 10 praticantes, sete já tiveram dores em decorrência do esporte.

    A radiografia que avaliou 7.731 corredores, com idade entre 19 e 77 anos, revela que 71,2% deles já se queixaram de dores causadas pelos exercícios, mas não buscaram ajuda médica. Coordenado pelo ortopedista Rogério Teixeira, o Quac-BR traz outro dado alarmante: 30,6% admitiram ter tomado anti-inflamatórios para controlar o desconforto sem prescrição médica.

    – O corredor não procura profissionais para planejar treinos. Quando sente dores, tampouco procura um médico – explica o especialista.

    Teixeira diz que um dos grandes problemas constatados é que esses esportistas ignoram a dor e continuam treinando assim que se sentem melhores. Ou seja, só procuram tratamento quando o problema já está avançado. Além do grupo que confirmou ter se automedicado, 45,9% disseram que utilizaram apenas gelo na região dolorida.

    – A dor é sinal de que algo está errado. As pessoas ignoram esse alerta e seguem treinando, o que pode causar uma lesão mais complexa – afirma Teixeira.

    De acordo com a pesquisa, 53,1% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido alguma lesão por causa do treino. É imprescindível solicitar a orientação de um profissional sempre que as dores persistirem por mais de duas semanas.

    Especialista em traumatologia e ortopedia do esporte, Gustavo Kaempf de Oliveira ressalta que todo corredor, principalmente acima dos 30 anos, deve fazer exames pelo menos uma vez por ano com cardiologistas, ortopedistas e professores de educação física.

    – A maioria dos casos de morte súbita, geralmente de origem cardiológica, e de lesões musculares e esqueléticas no esporte pode ser evitada com esses exames – afirma.

CONTRA O ESTRESSE

Contra o estresse

Pesquisa identifica as cinco maiores fontes de preocupação de executivos

  • A fuga do estresse começa bem cedo. Sergio Luiz Klein, 54 anos, levanta-se por volta das 6h30min, três vezes por semana, e vai direto para a academia. Lá, encontra o ambiente ideal para carregar as baterias necessárias para enfrentar um dia de executivo. Faz musculação, caminhada e corrida. Além disso, é um dos poucos horários em que consegue conversar com um grupo de amigos. Os bate-papos incluem de futebol a política. As atribuições do trabalho ficam de lado.

    – É como uma terapia. Se não vou, fico com uma sensação de falta de energia. Se vou, fico muito mais animado – conta o engenheiro civil que atua como diretor de expansão.

    A ideia de malhar surgiu há 10 anos, quando percebeu que o trabalho lhe tomava não só o tempo, mas também a saúde. O incômodo principal era uma dor constante nas costas e nos ombros. Sensação que o acompanhava todos os dias, no escritório ou em casa, atrapalhando a rotina. Ao final dos dias de agenda cheia, as dores também se alastravam para a cabeça. Somado a isso, o diretor ainda via o peso aumentar e o cansaço chegar mais cedo, ou seja, o organismo todo sentia os efeitos nocivos do estresse. A tempo, mudou de vida.

    Uma pesquisa realizada com mil executivos de Porto Alegre e São Paulo aponta que 86% deles sentem dores musculares e dor de cabeça e 81% sofrem com ansiedade. Em 18% dos casos, o acúmulo da pressão se transforma em uma explosão de raiva. Os cinco principais motivos apontados pelos entrevistados foram: excesso de tarefas, medo de demissão, muita responsabilidade e pouca autonomia, conflitos e desequilíbrio entre esforço e gratificação.

    Para a coordenadora da pesquisa, a jornalista e Ph.D. em Psicologia Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), o resultado mostra que todo o esclarecimento que tem sido feito sobre os efeitos nocivos do estresse não está sensibilizando a população.

    – As pessoas estão muito comprometidas e com muitas prioridades. É muito difícil que mantenham uma vida saudável, mas uma hora o corpo não aguenta – explica.

    Em linhas gerais, o estresse costuma ser prejudicial, mas alguns tipos não são tão nocivos. Um exemplo é o causado pela vida profissional – quando alguém gosta muito do que se faz e, de certa forma, a dedicação intensa dá prazer. Porém, um outro tipo é muito voraz, como explica Aldo Lucion, biomédico do Instituto de Ciências Básicas de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

    – Quando uma pessoa tem um parente doente, é desgastante, não tem como se controlar. Há estudos que mostram a carga de estresse a que familiares de doentes estão sujeitos.