sábado, 2 de outubro de 2010

Existe origem da crise de identidade do professor?

Existe uma origem da crise de identidade do professor?
Publicado: 02/10/2010 por Revista Espaço Acadêmico em educação, in memoriam
0

por PAULO MEKSENAS*

In memoriam

As palavras professor e profissão são próximas em seus significados. A primeira designa o sujeito que professa, isto é, aquele que diz a verdade publicamente. E a verdade é qualquer fato; fenômeno ou interação em conformidade com o real; significa expor corretamente; representar fielmente por princípios lógicos. Assim, o professor é aquele que torna público – socializa – algum conhecimento. A segunda palavra designa uma ocupação ou atividade especializada e voltada ao ato de professar.

Toda profissão afirma uma identidade e esta, por sua vez, “não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço em construção de maneiras de ser e de estar na profissão. Por isso, é mais adequado falar em processo identitário, realçando a mesma dinâmica que caracteriza a maneira como cada um se sente e se diz professor” (Nóvoa, 1996).

Crise de identidade do professor significa, portanto, uma crise da maneira de ser na profissão, isto é, uma crise no ato de professar e que implica em dificuldades na interação social; descontentamento na realização das suas atividades; descrença no seu papel social; etc. As causas da crise de identidade são diversas: conflitos na instituição de trabalho; baixos salários; pouco reconhecimento social; sentimentos de incerteza ou insegurança. Por outro lado, deve-se considerar que tal crise não é alheia à distinção entre o eu pessoal e o eu profissional. Em outros termos, é difícil desmembrar um modo de ser pessoal – crenças, valores morais, posturas ou aspectos do caráter – de tudo aquilo que compõem o modo de ser professor – crenças a respeito da educação, valores pedagógicos e posturas didáticas. Por maior que seja a semelhança das trajetórias profissionais de professores e as suas origens de classe, cada um desenvolve uma forma própria (pessoal) de organizar as aulas, de movimentar-se em sala, de dirigir-se aos alunos, de abordar didaticamente um certo tema ou conteúdo e de reagir diante de conflitos.

Ao tentar identificar o processo que origina a identidade do professor deve-se perceber, portanto, a indissolúvel união existente entre o professor como pessoa e o professor como profissional. As implicações dessa identificação são óbvias: não se pode exigir que um professor ofereça além das possibilidades e limites pelos quais foi educado. Não é possível que “jogue fora as suas crenças” e que “liberte-se da especificidade do seu caráter” quando realiza as suas atividades docentes. Trata-se de pensar sobre como determinados modos de ser pessoa relacionam-se ao exercício da profissão.

A partir de pesquisa a respeito de como os professores pensam a sua profissão, Fullan e Hargreaves (2000) identificaram algumas questões que acentuam a crise de suas identidades. Dentre as questões mais comuns os autores destacam: 1) a sobrecarga; 2) o isolamento; 3) o pensamento de grupo.

1) A sobrecarga. Professores estão conscientes que a profissão mudou nas últimas décadas. Ensinar não é mais visto como em ‘tempos atrás’, pois as obrigações ficaram diversificadas. Esses profissionais atuam em contextos com expectativas crescentes acerca do seu trabalho e a respeito da educação escolar. Assim, ficam mais inseguros.

A sobrecarga de atividades, em muitos casos, decorre da falta de diálogo dos professores com a população por eles atendida, ou com a equipe administrativa da escola em que lecionam. Quando não fica muito claro o que o professor pretende fazer junto com os seus alunos e os modos com que exerce a docência, pode ocorrer “cobranças”. Em vez de “quebrar” o excesso de expectativas sobre o seu modo de trabalhar e fazê-lo por meio do diálogo, o professor reage elaborando novos projetos; assumindo atividades extracurriculares (passeios com seus alunos, gincanas, competições, etc.). Organiza uma série de atividades que o leva para fora da sala de aula, com a intenção de chamar atenção à qualidade do seu trabalho: a sobrecarga, então, afirma-se.

2) O isolamento. Ensinar, há muito tempo, é conhecido como “uma profissão solitária”. Considere-se que o individualismo é mais uma questão cultural e menos uma peculiaridade da profissão. Entretanto, parece mais fácil e rápido preparar aulas sozinho. Nesse aspecto, muitos dos professores nem sequer imaginam a organização do seu trabalho com a participação de outras pessoas.

O problema do isolamento tem suas raízes: a) Uma arquitetura escolar que isola espaços, segrega pessoas. b) Horários rígidos e uma organização inflexível da rotina escolar impede interações sociais. c) Além disso, a sobrecarga de trabalho dá sustentação ao individualismo. Combater os contextos que levam o professor a isolar-se dos seus pares constitui umas das questões fundamentais, pela qual vale a pena lutar.

3) O pensamento de grupo. Quando destaca-se que o trabalho cooperativo pode ser um fator importante contra o isolamento a que os professores estão submetidos, é comum ouvir as expressões: “Mas os professores desta escola sempre formaram pequenos grupos de colaboração!” ou, “estamos sempre conversando, quando podemos”, ainda, “há tanta colaboração que formam-se ‘panelinhas’ de professores para disputar o poder de comando na escola”. Tais expressões são o retrato de que as propostas de trabalho coletivo possuem os seus problemas, muitos dos quais não podem ser ignorados. A princípio não existe nada instantaneamente bom no trabalho de parceria. As pessoas podem cooperar para realizarem coisas boas ou coisas más, ou, até para não fazerem nada. Um coletivo pode afastar os professores de atividades valiosas com os estudantes.

Para Fullan e Hargreaves (2000) o trabalho na escola apresenta um conjunto de idéias cristalizadas no tempo que, por responder à questões do passado são inadequadas e originam o chamado pensamento de grupo. Tal conjunto de idéias costuma limitar as ações daqueles que buscam inovar na instituição escolar. Seriam idéias como: “não faça isso que não vai dar certo!”; “já tentamos uma vez e não funcionou”; “essa pretensão é passageira, logo ver-se-á que o melhor é como sempre foi”. Outras idéias vêm reforçar a perpetuação de práticas e poderiam ser questionadas: “faça isso e você se dará bem nessa escola”; “aqui a melhor atitude é dizer sim e depois fazer como quiser”. Isto é, o pensamento de grupo – com origem no trabalho realizado em comum e na partilha das concepções daqueles que integram um determinado coletivo – torna-se em consensos da instituição e molda a ação de todos.

Os consensos são formados pelo justificar as práticas de um grupo. Independente do caráter desses consensos serem ou não oportunos; favorecerem ou não as práticas ditas progressistas ou, possuírem uma dimensão denominada competente, o significativo é notar que os consensos buscam uma uniformidade nas práticas docentes e na organização escolar. Tal uniformização costuma ignorar as propostas que não coadunam com as opiniões instituídas. O resultado é que muitos professores não se sentem representados em seus anseios, opiniões e projetos junto ao coletivo de professores, pois emitir uma proposição contrária ao pensamento de grupo traz sanções àquele que a profere.

Em síntese, a sobrecarga; o isolamento e o pensamento de grupo são questões capazes de ampliar a crise de identidade do professor. Mesmo admitindo que tal crise tem a sua origem em diversos fatores políticos, culturais e econômicos (locais e nacionais) vale observar, que as vivências cotidianas podem organizar-se de modo a intensificar ou minimizar o problema. A compreensão que percebe a pessoa e o profissional como faces indissociáveis da identidade do professor produz novas práticas, capazes de introduzir o respeito às diferenças de cada um. Escolas em que os profissionais não toleram ações e modos de pensar que não sejam idênticos aos do grupo, tornam-se instituições com probabilidade de gerar a sobrecarga, o isolamento e o pensamento de grupo.

Textos citados:

FULLAN, M. & HARGREAVES, A. A escola como organização aprendente. 2ª ed. Porto Alegre, Artmed, 2000.

NÓVOA, António. As ciências da educação e os processos de mudanças. In: PIMENTA. Selma Garrido. Pedagogia, ciência da educação? São Paulo, Cortez, 1996.

SPRINT CONTRA A DIABETES

Sprint contra a diabete

19 DE JULHO DE 2010 211 VIEWS SEM COMENTÁRIOS AUTOR: ADMINISTRADOR D&D

A representante de vendas Ivanir Souza tem diabete tipo 1. Treino, cuidados com a alimentação e atenção especial ao alongamento a levaram a completar maratonas. Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do PovoUm check-up médico – medida essencial, mas nem sempre adotada por quem pretende arriscar as primeiras passadas na corrida – pode ter salvado a vida da representante de vendas Ivanir Souza, 45 anos, há quatro anos.

Foi nos exames que ela descobriu que tem diabete. “No começo me assustei, mas depois me dediquei ainda mais aos treinos e o resultado foi excelente”, comemora a corredora, que já acumula alguns feitos marcantes como a conclusão de maratonas e provas de revezamento. “Fiz a Ma ratona de Curitiba em 4h40min. Está ótimo”, orgulha-se.

A atleta precisa de uma dieta disciplinada durante a semana para não complicar a diabete. “Como muita fruta, verduras, legumes e evito doces, para não subir a taxa de glicose”, explica. A exceção fica para os dias de provas, em que ingere barras energéticas para rápida reposição de açúcar no sangue.

Segundo a Organização Mun dial de Saúde (OMS), em 2004 mais de 171 milhões de pessoas tinham diabete e estima-se que, em 2030, esse número duplique.

A síndrome surge quando o pâncreas não produz insulina suficiente para que a glicose, que será usada como energia pelo organismo, entre nas células. O índice de açúcar no sangue au menta e pode causar problemas visuais, hipertensão, obesidade e de circulação. Este pode levar à perda de sensibilidade nas ex tremidades do corpo, especialmente nos pés. O risco, nesse caso, é que qualquer machucado (interno ou externo) na região demora a ser percebido pelo diabético. Quando se dá conta, já tornou-se uma lesão grave.

Ivanir conta que era comum ficar com os pés inchados em dias quentes. Com a prática da corrida, a partir de 2006, o sintoma diminuiu. Ela dá maior atenção aos alongamentos que um atleta sem a síndrome. “Para diabéticos do tipo 2 [em que a produção de insulina é irregular], o problema nos pés é mais recorrente. É uma população também propensa a problemas cardiovasculares. A atividade física é essencial e só traz benefícios”, explica o médico especialista em Medicina do Esporte,Marcelo Leitão.

Atletas que convivem com a diabete do tipo 1 (em que o pâncreas não produz insulina) precisam de mais cuidados, como constantes testes de controle glicêmico e aplicação de insulina.

O analista de sistemas Marcelo Bellon Ferreira, 38 anos, fez desse acompanhamento sua rotina desde os 14, quando descobriu ser diabético. “Você tem de estar atento às novidades da medicina e usá-las a seu favor”, aconselha Fer reira, ultramaratonista há três anos. “Diabéticos do tipo 1 devem escolher com cuidado os horários de treino, pois o organismo precisa de tempo para absorver a insulina”, alerta Leitão.

O ultramaratonista usa o Sistema de Infusão Contínua (SIC) de insulina para o controle de seu índice glicêmico. Subs tituiu as injeções do hormônio por um aparelho subcutâneo. “Posso dosar a quantidade de insulina de acordo com as minhas atividades. Antes, eu não podia treinar em certos horários por causa da aplicação”, lembra. O sistema não saiu barato. Ferreira investiu R$ 13 mil na compra do aparelho e gasta mais de R$ 800 por mês para manutenção.

por Angelo Binder, Gazeta do Povo (http://www2.rpc.com.br/corrida/sprint-contra-a-diabete)

* * * * * *

Cuidados

O corredor iniciante que tem diabete deve dar atenção especial a alguns detalhes antes dos primeiros treinos de corrida. Confira quatro passos essenciais:

1 – Consulte o médico. O especialista fará exames para saber se existe algum risco de complicação da neuropatia diabética (inflamação nos nervos causada pela síndrome) dos pés e também pedirá teste de esforço para saber qual a intensidade de treino adequado ao atleta.

2 – É indicado que o corredor diabético faça o controle glicêmico mais de dez vezes ao dia, inclusive durante a prática da ativi dade física de longa e média duração. A melhor forma de fazer o controle deve ser indicada pelo médico especialista em endocrinologia.

3 – Usar tênis adequado e confortável para evitar o atrito da meia com a pele. Esse cuidado evita a formação de bolhas, que podem causar complicações mais sérias ao diabético. O atleta deve, ainda utilizar cremes nos pés regularmente, para prevenir a formação de bolhas e machucados. As extremidades do corpo exigem atenção redobrada do atleta com diabete.

4 – Fazer a hidratação constante, com água ou isotônico e ter sempre à mão alimentos ricos em carboidratos para repor a energia durante os treinos.

Fonte: Emerson Bisan, especialista Treinamento Desportivo de Alto Nível da academia Estatal de Cultura Física de Moscou.

* * * * * *

Esta matéria saiu na edição impressa e também na on-line da Gazeta do povo do dia 10/07/2010

EDUCAÇÃO PELO ESPORTE

EDUCAÇÃO PELO ESPORTE – FUTEBOLPDFImprimirE-mail
Sex, 01 de Outubro de 2010 17:03

Aline Coelho de Souza Nunes – Educadora Social

Luiz Fernando Leite Pereira – Professor de Educação Física

Renata Castilhos Severini– Professora de Matemática

O esporte tem o potencial de educar para a vida. Crianças e jovens aprendem a conviver melhor em grupo, a conhecer suas capacidades, tomar decisões e buscar soluções para os problemas. Um dos maiores eventos esportivos - Copa do Mundo é um excelente ponto de partida para contextualizar o ensino e levar a Copa para dentro da sala de aula. O tema valoriza o companheirismo e o espírito de equipe em diversas atividades. O futebol é um dos elementos mais marcantes da cultura brasileira, de forma interdisciplinar esta modalidade esportiva merece ser explorada por várias disciplinas.

Dentro desta perspectiva, planejamos um projeto para a Copa do Mundo, onde desenvolvemos atividades de Português, Matemática e Lúdico (Educação Física), de forma diferenciada e criativa. Nas aulas de português os educandos realizaram pesquisas na internet, referentes aos países que estavam participando da Copa do Mundo 2010.

A escolha foi livre, porém deveriam focar a pesquisa em cultura, esportes, língua, moeda, alimentação, religião, folclore e significado da bandeira. Os textos das pesquisas foram impressos, debatidos e expostos nos corredores da Escola. Em um segundo momento, os textos foram usados para buscas de classe gramatical. Os alunos deveriam classificar substantivos, sujeitos, adjetivos e verbos nos textos impressos. Partindo da possibilidade de relacionar Jogos Cooperativos e Educação Física, é importante observarmos alguns pontos referenciais para que seja alcançado o seu sucesso, como a integração e socialização.

Por meio desta observação, o professor de Educação Física, organizou um bolão entre todos os alunos para escolherem quem ganharia a Copa 2010, este bolão foi aberto após o término da Copa, e um aluno acertou, ganhando uma caixa de bombons. Os aspectos da Educação Física trabalhados não são aqueles que estávamos acostumados a ver, a simples prática desportiva. Nosso enfoque foi nos valores do ser humano, como o respeito, a lealdade e o desenvolvimento global do individuo.

Neste sentido foi criada a Copa do Projeto FECI, onde os alunos competiram em equipes escolhidas democraticamente, juntando meninos e meninas nos times.

Ao final desta competição interna, todos os alunos foram premiados com medalhas. Como os jogos priorizavam e valorizavam o cumprimento das regras, o jogo limpo ou fair-play foi premiado também. As premiações foram feitas em sala de aula em ritmo de comemoração, com direito a palmas e fotografias.

Ensinar matemática a partir do mundo que cerca o jovem, deixando de lado métodos obsoletos e que não acompanham as mudanças e a velocidade a que a nova geração está acostumada. Esta foi a proposta da disciplina de matemática. Foi apresentada a malha geométrica quadrada, de 2 centímetros cada quadradinho e totalizando 16cmx16cm. Após olharem uma impressão das bandeiras dos países participantes da Copa 2010, os alunos escolheram uma bandeira para desenhar na malha quadrada.

Este instrumento geométrico foi muito valioso para estudar áreas, perímetros e também frações. Outro artifício usado foi a história da bola de futebol, como é costurada, que é composta de 32 gomos, 20 hexágonos e 12 pentágonos, desta forma apresentei estes dois polígonos. Para tornar o trabalho mais prazeroso e concreto, entreguei aos alunos a planificação da bola de futebol, ou um icosaedro truncado, como é chamada na “língua matemática”. Eles adoraram confeccionar as bolinhas, pintaram a folha de gramatura 180 gramas e depois recortaram e encaixaram e colaram as abas. Aproveitei para explanar sobre faces, arestas e vértices deste poliedro.

Além disso, foi pedido que os alunos confeccionassem um desenho de um campo de futebol visto de cima. Assim, retomando as questões de medidas de áreas e perímetros. Depois, comparamos com um campo oficial de futebol. Todos os trabalhos da Copa 2010 foram expostos nos corredores da escola.

A Educação pelo Esporte, como uma ação complementar à escola, tem um papel importante e pode impactar expressivamente no desempenho dos alunos na sala de aula, além de buscar melhorar o relacionamento deles com a família e os amigos. Destacamos aqui, a importância de trabalhar situações de realidade com as crianças, no caso o futebol e Copa do Mundo, pois com a ligação com o cotidiano possibilita um maior interesse e envolvimento nos temas desenvolvidos e consequentemente uma melhora nas capacidades de socialização e também no aspecto cultural dos nossos alunos.