Não são apenas os grandes problemas que provocam estresse. Detalhes muito pequenos, que pipocam ao longo do dia, vão derrubando o nível de paciência e calma de qualquer profissional. Que o diga a arquiteta Myrian Cirne Lima, que todos os dias enfrenta uma série de imprevistos em seus projetos. É o cano que estourou, o colocador de piso que ficou doente ou o atraso na entrega de algum material. Para lidar com isso tudo, duas receitas básicas: praticar ginástica diariamente e sempre contar até 10.
– Não dá para resolver todas as coisas no calor do momento. Quando os problemas se acumulam, a gente se sente, muitas vezes, em uma situação desesperadora. Nessa hora, não tem outro jeito, tem de ter calma e respirar fundo antes de qualquer movimento – conta.
Além de se prevenir contra os contratempos que atravessam seu próprio caminho, Myrian também cria ambientes antiestresse nas casas dos clientes. Confortáveis, permitem aliviar a tensão e fogem das características duras do ambiente profissional. Uma dica para chegar a esse resultado é acertar a iluminação. Como a luz branca chama a pessoa ao trabalho, a opção, então, é adotar luzes mornas, mais amareladas, que deixam o morador descansado. Móveis ou quadros de família também contribuem para um espaço acolhedor, que afasta da pressão do trabalho.
– Também é recomendado fazer uso de plantas, tanto nos ambientes residenciais quanto nos comerciais, dando uma cara mais natural ao ambiente. Outra dica pode ser instalar internet sem fio na casa. Assim, pode-se trabalhar em locais bem descontraídos, como o jardim ou mesmo a cozinha – sugere.
Atitudes como essa ajudam a lidar com o estresse com mais eficiência, mas é recomendável que sejam acompanhadas de outras medidas. Uma delas é reduzir a quantidade de compromissos assumidos. Com a agenda cheia, a luta contra o relógio é constante, e o tempo para a recuperação física e mental é sempre comprimido, aumentando os riscos de problemas graves.
– Hoje, há muitas prioridades na vida das pessoas, que acabam se vendo em situações estressantes frequentemente. O importante é, mesmo com a correria, manter hábitos saudáveis – explica Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR.
Nessa lista, incluem-se bons hábitos na rotina diária, como atividades físicas e relaxantes regulares, alimentação balanceada, noites de sono restauradoras, relacionamentos estáveis e bons laços familiares, e também momentos de lazer, com viagens, passeios e encontros com os amigos.
O próprio organismo tem um sistema de reação ao problema. Quando você se vê em uma situação de risco, seja um pensamento negativo ou um veículo que corta a sua frente no trânsito, o organismo, por meio de um sistema de resposta ao estresse que inclui várias substâncias, faz o corpo reagir. Esse sistema nos dá a ideia de que devemos lutar ou fugir diante de alguma ameaça. O problema é que sob estresse constante o organismo fica permanentemente em alerta, o que leva a consequências graves, como o desenvolvimento de ansiedade e depressão, além de decorrências como hipertensão arterial, entre outras.
Então, fica a pergunta: o sistema de resposta ao estresse é bom ou ruim para nós? É benéfico, desde que o estresse seja passageiro.
– Sem ele, deixaríamos de responder a situações de ameaça, o que seria de grande risco para nossa sobrevivência. A resposta de luta ou fuga é imprescindível para que possamos identificar situações de real ameaça e respondermos a elas. O risco está em que esta resposta se torne permanente – explica a psiquiatra Betina Mariante Cardoso, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.
Ao sofrer com estresse constante, o organismo fica sempre em alerta, estado que pode levar a graves consequências
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