Entre os esportes em evidência e de fácil acesso ao público, certamente a corrida é um dos que mais tem angariado adeptos pelo país nos últimos anos. Atualmente, estima-se que existam cerca de 4 milhões de corredores amadores no Brasil. Mas a preocupação desses atletas em se certificar de que estão realizando os exercícios corretamente não cresce na mesma proporção em que a prática vem ganhando visibilidade.
Um grande indicador desse comportamento é uma pesquisa divulgada recentemente retratando o perfil do corredor amador. O Questionário de Avaliação de Corredores – Brasil (Quac-BR) mostra que, de cada 10 praticantes, sete já tiveram dores em decorrência do esporte.
A radiografia que avaliou 7.731 corredores, com idade entre 19 e 77 anos, revela que 71,2% deles já se queixaram de dores causadas pelos exercícios, mas não buscaram ajuda médica. Coordenado pelo ortopedista Rogério Teixeira, o Quac-BR traz outro dado alarmante: 30,6% admitiram ter tomado anti-inflamatórios para controlar o desconforto sem prescrição médica.
– O corredor não procura profissionais para planejar treinos. Quando sente dores, tampouco procura um médico – explica o especialista.
Teixeira diz que um dos grandes problemas constatados é que esses esportistas ignoram a dor e continuam treinando assim que se sentem melhores. Ou seja, só procuram tratamento quando o problema já está avançado. Além do grupo que confirmou ter se automedicado, 45,9% disseram que utilizaram apenas gelo na região dolorida.
– A dor é sinal de que algo está errado. As pessoas ignoram esse alerta e seguem treinando, o que pode causar uma lesão mais complexa – afirma Teixeira.
De acordo com a pesquisa, 53,1% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido alguma lesão por causa do treino. É imprescindível solicitar a orientação de um profissional sempre que as dores persistirem por mais de duas semanas.
Especialista em traumatologia e ortopedia do esporte, Gustavo Kaempf de Oliveira ressalta que todo corredor, principalmente acima dos 30 anos, deve fazer exames pelo menos uma vez por ano com cardiologistas, ortopedistas e professores de educação física.
– A maioria dos casos de morte súbita, geralmente de origem cardiológica, e de lesões musculares e esqueléticas no esporte pode ser evitada com esses exames – afirma.
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