quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mudança na sala de aula

EDUCAÇÃO

O que vai mudar na sala de aula

Intenção da SEC é agrupar as disciplinas em quatro áreas de forma gradual a partir de 2010

A secretária estadual da Educação, Mariza Abreu, afirmou ontem que a nova organização dos conteúdos escolares na rede estadual será aplicada de forma gradual a partir de 2010. A proposta que agrupa as disciplinas em quatro áreas do conhecimento prevê o treinamento de professores para que lecionem, também, outras matérias. O projeto será levado à Assembleia Legislativa no mês que vem.

– Não significa que o currículo vai abandonar as disciplinas, mas que estará organizado em áreas em que as pessoas terão de trabalhar de forma integrada. O mesmo professor tem que dominar as disciplinas de sua área – diz Mariza.

A implementação do projeto, na avaliação da secretária, exigirá mudanças nos cursos de formação de professores. Para o Cpers, é um equívoco fazer um professor lecionar em disciplinas como biologia, física e química tendo ele formação em apenas uma. A seguir, tire dúvidas sobre o que deve mudar na sala de aula:

TIRE SUAS DÚVIDAS
O que pode mudar?
As disciplinas seriam agrupadas, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, em quatro grandes áreas, compreendendo as atuais disciplinas.
Quais seriam as áreas?
1) linguagens (português, literatura, língua estrangeira, arte e educação física)
2) matemática
3) ciências de natureza (biologia, química e física)
4) ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia)
Com o agrupamento das disciplinas, um mesmo professor lecionaria pelo menos três disciplinas?
A ideia da Secretaria Estadual da Educação (SEC) é que, no futuro, todo professor esteja apto a lecionar qualquer uma das disciplinas integrantes da área de conhecimento a que está vinculado. Por exemplo, um professor de biologia poderia dar aulas de química e física. Já um de história poderia lecionar também geografia e filosofia.
Como seria a transição para os professores que já atuam na rede estadual?
Dependendo da formação do professor, ele precisará ser treinado para começar a lecionar uma nova disciplina. Segundo a secretária da Educação, Mariza Abreu, a intenção é realizar treinamentos dentro das próprias escolas, com apoio de professores que já têm formação na área. A expectativa é que, com o tempo, o professor esteja envolvido com menos turmas, o que aumentaria seu vínculo com os alunos.
O que muda para o aluno?
A principal mudança seria a redução do número de professores, já que eles concentrariam mais disciplinas. Os críticos da proposta temem que a mudança piore a qualidade do ensino, uma vez que um professor com formação em biologia, capacitado para dar aulas de química, não teria os mesmos conhecimento de outro que passou por uma licenciatura nessa área.
As provas seriam integradas também?
Sim. A ideia é agrupar as avaliações por áreas de conhecimento, mas algumas escolas poderiam manter avaliações separadas para história e geografia, por exemplo, disciplinas que integram a mesma área. A tendência é que o aluno tenha só quatro notas.
Qual é o modelo em que a SEC se baseia?
É inspirado em experiências de escolas paulistas, mineiras, portuguesas e argentinas. Também serviram de referência os parâmetros curriculares nacionais e projetos de interdisciplinaridade já desenvolvidos em escolas do Brasil.
O que muda nos concursos do magistério?
A seleção será feita por área de conhecimento, ou seja, as questões das provas abrangerão temas relacionados a todas as disciplinas que integram a respectiva área. A intenção da SEC é só abrir novo concurso após a aprovação das reformas previstas no ensino na Assembleia.
Como o Cpers vê as propostas?
A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, avalia que a proposta é mais uma ação do governo do Estado para cortar despesas e reduzir investimentos em educação. Para ela, fazer com que um professor de biologia lecione também química e física, por exemplo, resultaria na queda da qualidade do ensino nas disciplinas que não fazem parte da formação original do docente. A avaliação é que a atuação em várias frentes seria benéfica ao governo por resolver o problema da falta de professores em determinadas áreas.
Existe um exemplo no Estado de escola com conteúdos integrados?
Algumas escolas utilizam métodos parecidos. No Colégio de Aplicação da UFRGS, em Porto Alegre, o modelo é desenvolvido desde 1996 com alunos de 5ª e 6ª séries, dentro do Projeto Amora.
No planejamento semanal são definidos os temas a serem abordados e previstas formas de professores de diferentes disciplinas interagirem. Apesar da integração, cada professor só leciona em sua área de formação. A avaliação é diferenciada. Não há nota, mas uma avaliação.

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