sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Superação

SUPERAÇÃO

Da agressão ao diploma

Transformou-se em trabalho de conclusão de curso um dos episódios mais violentos do futebol gaúcho. E o autor é justamente a vítima. Regis Tadeu da Rosa Jr., o zagueiro que deixou os gramados após ser golpeado em um jogo, encontra-se com a banca de professores de Educação Física da Ulbra Gravataí hoje, às 14h, para falar sobre violência no futebol.

Hoje com 33 anos, Regis tinha 21 e jogava pelo Caxias a Copa Mais Fácil, em novembro de 1999. Em uma cobrança de escanteio no jogo contra o Santo Ângelo, levou um soco na cabeça do então centroavante Darzoni da Silva Pillar. A pancada o deixou em coma por 29 dias, com traumatismo craniano. As sequelas interromperam uma carreira promissora. Hoje, Regis premia a nova etapa de sua vida, cujo o objetivo é a formatura em Educação Física. Ainda falta cursar três disciplinas para colocar as mãos no diploma.

A ideia de tratar do tema violência dá continuidade a um projeto que tem em conjunto com a prefeitura de Gravataí. Ao longo do ano, Regis realizou palestras em escolas municipais, detalhando as etapas que percorreu na recuperação. No trabalho, o estudante relata em primeira pessoa todo o processo. Conta até como foi ter aulas de balé por um mês – recomendação do fisioterapeuta e amigo Feliciano Bastos.

– Li e chorei. Poderia render um livro – diz o orgulhoso pai, também Regis, um corretor de imóveis de 56 anos.

Conta Regis, o filho, que a primeira reação do orientador, o professor Jorge Eckert, foi negar a ideia, mas reviu a decisão.

– Aproveitei esse momento de riqueza da história para que seja uma bandeira contra a violência – afirma Eckert.

O episódio que mudou a história da família, que mora na Rua Aldo Rangel, no bairro Morada do Vale I, de Gravataí, é tratado com certa naturalidade. Só se recusam a ver as imagens da agressão. Ignoram qualquer ressentimento e sabem que Darzoni carregará o peso da atitude para o resto da vida.

– Foi uma infelicidade – conforma-se Regis, exibindo a fé em três tatuagens com mensagens religiosas.

Na primeira vez que vítima e agressor se encontraram após o acidente – os dois se referem ao episódio como um acidente –, trocaram um abraço e Regis ofereceu conforto a Darzoni, que cumpria pena no regime semiaberto. Marcado pelo episódio, Darzoni, hoje zagueiro, jogará a Divisão de Acesso do Gauchão pelo Inter-SM, em 2012. O episódio que lhe fechou portas em todo o país.

– Foi um momento de fraqueza. Fico muito feliz por ele, me sinto aliviado que esteja seguindo a vida – afirma Darzoni, 34 anos.

Quando tiver o diploma em mãos, Regis só tem uma certeza: não quer trabalhar no meio do futebol, embora seja apaixonado pelo esporte que a agressão lhe negou.

ZEROHORA.COM
Confira em vídeo a expectativa da família de Regis para a apresentação do TCC, hoje.

THAIS SARDÁ

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